TÍTULOS DIVIDIDOS! Isso mesmo caro leitor, títulos de
campeonatos com mais de um campeão! Parece absurdo ver (ou ler) isso nos dias
de hoje, mas nossa história está recheada de casos assim. Quero destacar apenas
três:
RIO-SÃO PAULO DE 1966, título dividido entre 4 clubes
(meu Deus, chamem o Batman... 4 clubes?): Esse torneio foi a 18ª edição do
famoso torneio que reunia os grandes clubes do eixo Rio-São Paulo. O torneio
era disputado no método de pontos corridos, e ao final dele, Corinthians,
Vasco, Botafogo e Santos terminaram empatados com 11 pontos. Era véspera da Copa
de 66, e muitos jogadores desses times desfalcariam seus times num possível quadrangular
que ocorreria, e devido a isso, os clubes se recusaram a entrar com os
reservas, e as federações paulista e carioca resolveram proclamar os 4 times
campeões do torneio.
CAMPEONATO PAULISTA DE 1973, título dividido em 2
clubes (eis um caso complicado...): O Paulistão de 73 teve Santos e Portuguesa
como campeões, e foi marcante em dois aspectos: foi o último título de Pelé com
o Santos e o último título estadual da Portuguesa. O protagonista da divisão do
título chama-se a Armando Marques.
A partida terminou em 0x0, e assim o campeonato seria
decidido nos pênaltis. O Santos errou a 1ª cobrança, e a Lusa também; o Santos
converteu a 2ª cobrança, e novamente a Lusa perde o pênalti; o Santos converteu
a 3ª cobrança, e a Lusa segue desperdiçando... Assim Armando Marques encerra a
partida e declara o Santos campeão. OPS! Ainda tinham duas cobranças de cada
time, e a Portuguesa poderia empatar caso o Santos não convertesse as suas
penalidades. Para botar “panos quentes” e acalmar os ânimos, a FPF declarou o
Santos e a Portuguesa como Campeões Paulistas de 1973.
COPA UNIÃO DE 1987 (o cúmulo do absurdo): O polêmico torneio
de 1987 ainda altera os ânimos de muita gente, sem falar nas polêmicas que são
geradas.
Em 87, os grandes clubes do Brasil (o Clube dos 13)
resolveram fazer uma liga independente, uma vez que a CBF dizia não ter
condições financeiras para bancar despesas dos clubes. Assim surgiu a Copa
União, e mesmo sem o aval da CBF, o torneio prosseguiu. Tentando apaziguar as
coisas, a CBF resolveu oficializar o torneio, e sugeriu que Flamengo e
Internacional, os melhores times do torneio (chamado de Módulo Verde), fizessem
um quadrangular final com Sport e Guarani, os melhores times do Módulo Amarelo.
Nada feito. Flamengo e Internacional recusaram-se a
enfrentar Sport e Guarani e fizeram uma final paralela, onde o Flamengo foi o
vencedor. Assim, a CBF declarou a vitória de Sport e Guarani por W.O., e
fizeram a final do torneio, onde o Sport sagrou-se o campeão brasileiro
reconhecido pela CBF. Por anos essa afirmação foi ostentada, pois Sport e
Guarani representaram o Brasil na Taça Libertadores.
Em 2011, Ricardo Teixeira decide oficializar o Flamengo como
campeão de 1987, junto com o Sport. Mais um título dividido...
Esses três casos são apenas inferências, pois ainda existem
muitos outros casos de divisão de títulos nos campeonatos do Brasil,
principalmente nos regionais. Ao longo da história, sempre houve muito
amadorismo por parte dos dirigentes brasileiros, amadorismo esse que se estende
até os dias atuais.
Essas histórias servem para as discussões sobre futebol nos
bares da vida. Temos uma história riquíssima com a bola nos pés, mas
infelizmente temos o lado negro também, promovidos por pessoas totalmente
incompetentes que administram nossa maior paixão.