sábado, 29 de dezembro de 2012

Títulos divididos que dividem opiniões

Uma vez um poeta disse: “tem coisas que só acontecem com o Botafogo”. Assim como tem coisas que só acontecem ao alvinegro carioca, existem coisas que são dignas apenas dos nossos dirigentes!

TÍTULOS DIVIDIDOS! Isso mesmo caro leitor, títulos de campeonatos com mais de um campeão! Parece absurdo ver (ou ler) isso nos dias de hoje, mas nossa história está recheada de casos assim. Quero destacar apenas três:

RIO-SÃO PAULO DE 1966, título dividido entre 4 clubes (meu Deus, chamem o Batman... 4 clubes?): Esse torneio foi a 18ª edição do famoso torneio que reunia os grandes clubes do eixo Rio-São Paulo. O torneio era disputado no método de pontos corridos, e ao final dele, Corinthians, Vasco, Botafogo e Santos terminaram empatados com 11 pontos. Era véspera da Copa de 66, e muitos jogadores desses times desfalcariam seus times num possível quadrangular que ocorreria, e devido a isso, os clubes se recusaram a entrar com os reservas, e as federações paulista e carioca resolveram proclamar os 4 times campeões do torneio.

CAMPEONATO PAULISTA DE 1973, título dividido em 2 clubes (eis um caso complicado...): O Paulistão de 73 teve Santos e Portuguesa como campeões, e foi marcante em dois aspectos: foi o último título de Pelé com o Santos e o último título estadual da Portuguesa. O protagonista da divisão do título chama-se a Armando Marques.

A partida terminou em 0x0, e assim o campeonato seria decidido nos pênaltis. O Santos errou a 1ª cobrança, e a Lusa também; o Santos converteu a 2ª cobrança, e novamente a Lusa perde o pênalti; o Santos converteu a 3ª cobrança, e a Lusa segue desperdiçando... Assim Armando Marques encerra a partida e declara o Santos campeão. OPS! Ainda tinham duas cobranças de cada time, e a Portuguesa poderia empatar caso o Santos não convertesse as suas penalidades. Para botar “panos quentes” e acalmar os ânimos, a FPF declarou o Santos e a Portuguesa como Campeões Paulistas de 1973.

COPA UNIÃO DE 1987 (o cúmulo do absurdo): O polêmico torneio de 1987 ainda altera os ânimos de muita gente, sem falar nas polêmicas que são geradas.

Em 87, os grandes clubes do Brasil (o Clube dos 13) resolveram fazer uma liga independente, uma vez que a CBF dizia não ter condições financeiras para bancar despesas dos clubes. Assim surgiu a Copa União, e mesmo sem o aval da CBF, o torneio prosseguiu. Tentando apaziguar as coisas, a CBF resolveu oficializar o torneio, e sugeriu que Flamengo e Internacional, os melhores times do torneio (chamado de Módulo Verde), fizessem um quadrangular final com Sport e Guarani, os melhores times do Módulo Amarelo.

Nada feito. Flamengo e Internacional recusaram-se a enfrentar Sport e Guarani e fizeram uma final paralela, onde o Flamengo foi o vencedor. Assim, a CBF declarou a vitória de Sport e Guarani por W.O., e fizeram a final do torneio, onde o Sport sagrou-se o campeão brasileiro reconhecido pela CBF. Por anos essa afirmação foi ostentada, pois Sport e Guarani representaram o Brasil na Taça Libertadores.

Em 2011, Ricardo Teixeira decide oficializar o Flamengo como campeão de 1987, junto com o Sport. Mais um título dividido...

Esses três casos são apenas inferências, pois ainda existem muitos outros casos de divisão de títulos nos campeonatos do Brasil, principalmente nos regionais. Ao longo da história, sempre houve muito amadorismo por parte dos dirigentes brasileiros, amadorismo esse que se estende até os dias atuais.

Essas histórias servem para as discussões sobre futebol nos bares da vida. Temos uma história riquíssima com a bola nos pés, mas infelizmente temos o lado negro também, promovidos por pessoas totalmente incompetentes que administram nossa maior paixão.


3 comentários:

  1. Postagem legal Roger,
    Acrecentaria que isto ocorreu também no mundial de clubes de 2000. No qual o Boca Juniors foi campeão mundial.
    O torneio de 2000 no Brasil não contou com o Palmeiras, campeão da Libertadores naquele momento, que tinha eliminado o Alvinegro na campanha do título e repetiria o feito naquela temporada.
    Real Madrid e especialmente o Manchester United vieram ao torneio muito contrariados, pois foram forçados pela Fifa a participar do torneio organizado pelo Teixeira e pela TRAFFIC, patrocinadora do Corinthians à época.
    Os jogadores da equipe inglesa tiveram liberdade para fazer o que desejaram. Ganharam uma espécia de férias dos cartolas do clube, com direito a passeio no sambódromo, champagne, carnaval e muito confete e serpentina.
    Já no final de 2000, Real Madrid, melhor time da Europa, enfrentou o Boca, sem dúvida a principal agremiação do nosso continente naquele momento, pelo título intercontinental.
    Bianchi,Riquelme, Palermo e cia venceram por 2×1. Disputaram um jogo de nível técnico muito superior ao do torneio de verão promovido pela Fifa.
    A chancela da Fifa, bem mais preocupada com lucro e poder do que com futebol, para alguns define do ponto de vista legal quem é o campeão mundial de 2000, porém não muda a história da bola rolando.
    Em 2000, o campeão da Libertadores foi o Boca Juniors, que também disputou o Mundial com o Real Madrid no Japão.
    Assim como é esportivamente bizarro reconhecer dois Brasileiros para o Palmeiras no mesmo ano, parece-me igualmente estranho reconhecer dois campeões mundiais em 2000.
    o Corinthians é campeão mundial de 2000 de acordo com a FIFA, mas o título não soa legítimo.
    A questão primeira é a Libertadores, cuja conquista historicamente é o que legitima um time sul-americano a disputar um Mundial.
    É importante ressaltar que em tempos em que a CBF “valida” como “campeões brasileiros” equipes que ganharam campeonatos que não eram de forma alguma reconhecidos como tal é difícil reconhecer o torneio de verão de 2000 como uma conquista mais importante de os mundiais no japão vencidos por Grêmio, Flamengo e São Paulo.
    O que vale é a sensação de ser campeão do mundo, que todos os brasileiros que foram ao Japão e venceram, e sentiram.
    E garanto, o corintiano também sentiria se fosse campeão naqueles anos. Aliás, garanto que todos os corintianos do mundo diriam que o Corinthians seria tri-campeão do mundo, caso tivesse levado um título daqueles.
    Não dá pra comparar o mérito esportivo do título do Boca com o do título do Corinthians em 2000.
    Não há nomenclatura e carimbo de cartola que mude isso.
    Se fossem campeões intercontinentais iriam se proclamar, sem dúvida, tri-mundiais.
    A chancela do Blatter ou de outro cartola corrupto não torna o campeonato maior do ponto de vista esportivo, uma vez que, Santos de Pelé e o São Paulo, por exemplo, foram, sim, bicampeões mundiais vencendo esquadrões.
    Mais uma vez, Parabéns pela postagem!

    Segue link da Fifa sobre os títulos do Sao Paulo:

    http://pt.fifa.com/tournaments/archive/tournament=107/edition=4735/overview.html

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    1. Na vdd todos os europeus disputam o Mundial contrariados até hoje...... Mas as análises clubistas limitam os torcedores a validar apenas o que o seu clube ganha..... Essa é a realidade

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  2. Na vdd, em 2000 não houve divisão de títulos. É muito pior, pois a FIFA não reconhece o Boca Jrs como campeão mundial daquele ano.

    É um absurdo imenso dizer que Beckenbauer, Pelé, Zico, Renato Gaúcho, Raí, Cruyff dentre tantos outros gênios não serem campeões do mundo por seus clubes... É lastimável!

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