terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sócrates, o Brasileiro

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira (19/02/1954 – 04/12/2011), ou simplesmente Dr. Sócrates ou Magrão, foi um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos. Ídolo do Corinthians, ele fez parte da inesquecível seleção brasileira de 82, comandada pelo Mestre Telê. Seu pai era fã de literatura grega, e o batizou e a seus irmãos com nomes em homenagem a filósofos gregos: além de Sócrates, tinham Sóstenes e Sófocles (ele também tinha os irmãos Raimundo Jr, Raimar e Raí, que escaparam da influência grega do Seu Raimundo)

Começou a carreira no Botafogo de Ribeirão Preto, onde teve um grande destaque. Ingressou na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto aos dezesseis anos, e conciliou o futebol com os estudos até 1977, quando se formou. Duas equipes grandes do futebol paulistano disputaram seu passe: Santos e Corinthians. Para felicidade corintiana, Sócrates foi parar no Parque São Jorge, em 1979. Ajudou o time a conquistar o Paulistão daquele ano.

Em 82, quando já era um dos maiores jogadores do país, instaurou a famosa “Democracia Corintiana”, onde as palavras do presidente do clube e do faxineiro tinham o mesmo peso. Em um dos momentos mais conturbados da história brasileira, a ditadura militar, a Democracia Corintiana ganhou muito destaque e foi um dos precursores do movimento em prol da democracia nacional. Com essa ideologia, e com jogadores como Zenon, Biro-Biro, Casagrande e Wladimir, o time do Corinthians foi Bi Campeão Paulista de 82-83.

Na Copa de 82, Sócrates fazia parte de um dos maiores esquadrões brasileiros em Copas: Waldir Peres, Leandro, Luizinho, Oscar e Junior; Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho e Éder. A seleção brasileira, sob a batuta do Mestre Telê, encantava o planeta com um futebol refinado, e era a grande favorita ao título daquela copa. Mas infelizmente, Paolo Rossi, que literalmente saiu de um inferno para a consagração, acabou com o sonho brasileiro naquele mundial.

Ao sair do Corinthians, Sócrates foi jogar na Fiorentina. Em virtude de seu jeito boêmio de ser e de contínuos desentendimentos com o técnico, Sócrates voltou ao Brasil para jogar no Flamengo, em 1986, e foi campeão carioca pelo clube. Na Copa de 86, não teve grande participação, mas mesmo assim foi importante para a equipe que, novamente, foi eliminada nas quartas de final, agora pela França de Platini, nos pênaltis. Sócrates perdeu um dos pênaltis na disputa (além dele, Zico perdeu no tempo normal e Platini também perdeu nas cobranças em série). Após passagem apagada no Santos, resolveu encerrar a carreira.

Depois de se aposentar, Sócrates chegou a ser técnico de futebol da LDU (Equador) e da Cabofriense, e também se aventurou na música e no teatro. Era comentarista do programa Cartão Verde, da TV Cultura (um dos melhores do gênero).

Em 2011, devido a uma hemorragia digestiva decorrente de seu problema com o alcoolismo, veio a falecer no dia 4 de dezembro, dia em que o Corinthians veio a sagrar-se Penta Campeão Brasileiro.

Sócrates foi um ser humano excepcional, dentro e fora dos campos. Como futebolista, era um jogador maravilhoso, de passes cirúrgicos e técnica refinada, e imortalizou o passe de calcanhar, que era sua marca registrada. Boêmio, ele odiava concentrações. Como militante, foi idealizador de um movimento que teve influência direta na redemocratização do Brasil.

Assim como o Sócrates grego, o Sócrates brasileiro também era um filósofo, só que político, e deixou seu nome registrado, não só na história do futebol, mas também na história do Brasil.


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