Começou a carreira no Botafogo de Ribeirão Preto, onde teve
um grande destaque. Ingressou na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto aos
dezesseis anos, e conciliou o futebol com os estudos até 1977, quando se
formou. Duas equipes grandes do futebol paulistano disputaram seu passe: Santos
e Corinthians. Para felicidade corintiana, Sócrates foi parar no Parque São
Jorge, em 1979. Ajudou o time a conquistar o Paulistão daquele ano.
Em 82, quando já era um dos maiores jogadores do país,
instaurou a famosa “Democracia Corintiana”, onde as palavras do presidente do
clube e do faxineiro tinham o mesmo peso. Em um dos momentos mais conturbados
da história brasileira, a ditadura militar, a Democracia Corintiana ganhou
muito destaque e foi um dos precursores do movimento em prol da democracia
nacional. Com essa ideologia, e com jogadores como Zenon, Biro-Biro, Casagrande
e Wladimir, o time do Corinthians foi Bi Campeão Paulista de 82-83.
Na Copa de 82, Sócrates fazia parte de um dos maiores
esquadrões brasileiros em Copas: Waldir Peres, Leandro, Luizinho, Oscar e
Junior; Toninho Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho e Éder. A seleção
brasileira, sob a batuta do Mestre Telê, encantava o planeta com um futebol
refinado, e era a grande favorita ao título daquela copa. Mas infelizmente,
Paolo Rossi, que literalmente saiu de um inferno para a consagração, acabou com
o sonho brasileiro naquele mundial.
Ao sair do Corinthians, Sócrates foi jogar na Fiorentina. Em
virtude de seu jeito boêmio de ser e de contínuos desentendimentos com o
técnico, Sócrates voltou ao Brasil para jogar no Flamengo, em 1986, e foi
campeão carioca pelo clube. Na Copa de 86, não teve grande participação, mas
mesmo assim foi importante para a equipe que, novamente, foi eliminada nas
quartas de final, agora pela França de Platini, nos pênaltis. Sócrates perdeu
um dos pênaltis na disputa (além dele, Zico perdeu no tempo normal e Platini
também perdeu nas cobranças em série). Após passagem apagada no Santos,
resolveu encerrar a carreira.
Depois de se aposentar, Sócrates chegou a ser técnico de
futebol da LDU (Equador) e da Cabofriense, e também se aventurou na música e no
teatro. Era comentarista do programa Cartão Verde, da TV Cultura (um dos
melhores do gênero).
Em 2011, devido a uma hemorragia digestiva decorrente de seu
problema com o alcoolismo, veio a falecer no dia 4 de dezembro, dia em que o
Corinthians veio a sagrar-se Penta Campeão Brasileiro.
Sócrates foi um ser humano excepcional, dentro e fora dos
campos. Como futebolista, era um jogador maravilhoso, de passes cirúrgicos e
técnica refinada, e imortalizou o passe de calcanhar, que era sua marca
registrada. Boêmio, ele odiava concentrações. Como militante, foi idealizador
de um movimento que teve influência direta na redemocratização do Brasil.
Assim como o Sócrates grego, o Sócrates brasileiro também era
um filósofo, só que político, e deixou seu nome registrado, não só na história
do futebol, mas também na história do Brasil.
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